💘 Por que o Dia dos Namorados no Brasil é em junho?

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Enquanto o Valentine’s Day, comemorado em 14 de fevereiro, movimenta corações nos Estados Unidos e na Europa, os brasileiros celebram o amor em 12 de junho. A diferença de datas levanta uma pergunta que muitos ainda fazem: por que o Dia dos Namorados no Brasil acontece em junho?

A resposta tem raízes tanto religiosas quanto comerciais. O 12 de junho foi escolhido não por acaso, mas por estratégia — e não apenas emocional, mas também econômica. Vamos entender como essa data se consolidou como um dos eventos mais importantes do calendário do comércio e do romantismo brasileiro.

Santo Antônio, o “santo casamenteiro”, teve papel crucial na escolha da data

A primeira pista para entender a escolha do dia está na proximidade com o Dia de Santo Antônio, celebrado em 13 de junho. Santo Antônio é uma figura muito popular na tradição católica e é conhecido no Brasil como o padroeiro dos casamentos e dos relacionamentos amorosos.

A fama de “santo casamenteiro” vem de relatos e lendas segundo os quais ele teria ajudado jovens a encontrarem um bom casamento, além de realizar milagres ligados à vida conjugal. Por isso, rezas, simpatias e promessas em seu nome se tornaram comuns, principalmente entre os solteiros e solteiras em busca de um grande amor.

Colocar o Dia dos Namorados na véspera do Dia de Santo Antônio ajudou a reforçar o aspecto simbólico da celebração, dando-lhe uma conotação espiritual e culturalmente familiar para o povo brasileiro, predominantemente católico na época.

Uma jogada de marketing publicitário impulsionou a criação da data

Apesar da associação religiosa, a ideia de instituir uma data oficial para os namorados partiu de um objetivo puramente comercial.

Em 1949, o publicitário João Doria, pai do ex-governador de São Paulo, João Doria Jr., foi contratado pela loja Cliper, especializada em roupas masculinas, para criar uma campanha que movimentasse as vendas do mês de junho — historicamente fraco para o varejo.

Inspirado pelo Dia de São Valentim estrangeiro e pela devoção popular a Santo Antônio, Doria lançou uma campanha com o slogan:
“Não é só com beijos que se prova o amor”.

O sucesso foi imediato. No ano seguinte, outros lojistas paulistanos aderiram à ideia e, aos poucos, a comemoração ganhou força nacional, sendo incorporada ao calendário promocional de todo o comércio.

Por que não seguimos o Valentine’s Day em fevereiro?

Muitos se perguntam por que o Brasil não adota a mesma data do restante do mundo: 14 de fevereiro, o famoso Valentine’s Day. A principal razão é o calendário brasileiro.

O mês de fevereiro no Brasil geralmente é dominado pelo Carnaval, uma das maiores festas populares do país. Colocar uma data romântica na mesma época poderia gerar conflito de interesses e reduzir o impacto comercial e simbólico de ambas as datas.

Junho, por outro lado, não só está mais “vazio” de grandes datas comerciais, como também é um mês frio em boa parte do país, favorecendo o romantismo, os jantares a dois e a ideia de aconchego.

Data se consolidou como uma das mais lucrativas para o comércio

Hoje, o Dia dos Namorados é uma das datas mais lucrativas para o comércio brasileiro, ao lado de datas como o Natal, o Dia das Mães e a Black Friday.

Setores como floriculturas, restaurantes, hotéis, lojas de presentes e até agências de viagens aproveitam a data para impulsionar vendas com promoções temáticas. Além disso, casais de todas as faixas etárias movimentam o setor de serviços com experiências como jantares, escapadas românticas e até ensaios fotográficos.

Com o tempo, a data também passou a ser celebrada por casais LGBTQIA+, relacionamentos não monogâmicos e pessoas que escolhem comemorar de forma afetiva com amigos ou com elas mesmas, numa celebração de amor próprio. Isso aumentou ainda mais o alcance da data, tornando-a inclusiva e altamente rentável.

Uma data brasileira com raízes no afeto — e nos negócios

Portanto, o Dia dos Namorados no Brasil é fruto da combinação entre tradição religiosa e criatividade publicitária, com uma dose generosa de apelo comercial. Desde sua criação, a data passou por adaptações, ganhou novos sentidos e se tornou um momento simbólico tanto para os apaixonados quanto para quem vive do comércio.

Mais do que trocar presentes, o dia 12 de junho se transformou em uma oportunidade para celebrar o amor em todas as suas formas — e para o mercado, claro, de transformar sentimentos em faturamento.